Francisco Louçã abriu, este domingo, as jornadas parlamentares do BE com críticas ao «orçamento de direita» que está a ser negociado entre o Governo de José Sócrates e o CDS-PP e o PSD.
«Esta negociação que o Governo acarinha com a direita, com o CDS e o PSD, não é só uma discussão sobre o orçamento. São ataques à Segurança Social e ao Serviço Nacional de Saúde e é a alteração do pagamento por conta que tem mais efeito sobre as grandes do que as pequenas empresas», disse, num jantar em Portimão, exactamente no mesmo local onde Manuel Alegre anunciou a sua candidatura à presidência na sexta-feira.
Para o coordenador nacional do Bloco, o que está em cima da mesa «é mais do que o orçamento», pois «o que o Governo pretende, na verdade, é criar um tripé governamental, um Governo de José Sócrates apoiado no CDS e no PSD».
«Têm as mesmas políticas económicas, sociais, o mesmo código trabalho e vão impondo a sua lei sobre as vítimas desta crise», criticou, insistindo no «tripé com a direita» e exemplificando até com o passado: «O PS já conseguiu o queijo limiano, agora é uma queijaria inteira.»
Ao optar pela direita, segundo Louçã, «o Governo preferiu a aparência ao conteúdo, o fingimento ao esforço das soluções, e transformou o debate político até hoje numa gigantesca encenação».
O bloquista recordou o orçamento rectificativo de 2009 para também apontar o dedo à esquerda. «Esse orçamento aumentou o endividamento público nacional em 15 mil milhões euros. E aí o BE soube que tinha de dizer não, e foi o único partido a fazê-lo. Todos os outros aceitaram a chantagem e o apoio mais ou menos envergonhado desta política orçamental que ajudou à tragédia social», afirmou.
Como solução, Francisco Louçã apresentou «um orçamento à esquerda». «Uma solução que alargava o subsídio para todos os desempregados, aumentava as pensões miseráveis, melhorava os salários mais baixos na função pública ou no sector privado, com transparência fiscal, que respondia à urgência da destruição da agricultura e das pescas», enumerou.
Pedindo «respeito pela política de esquerda», o coordenador do BE concluiu: «Essa resposta é a que José Sócrates com os seus apoios [PSD e CDS] não quer dar.»
in... IOL
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