quarta-feira, 23 de junho de 2010

A mulher perfeita

A mulher perfeita

Certa tarde, conta uma antiga história sufi, Nasrudin tomava chá e conversava com um amigo sobre a vida e o amor.
“Por que você nunca se casou, Nasrudin?”, perguntou o amigo.
“Bem”, respondeu, Nasrudin, “para dizer a verdade, passei toda a minha juventude a procurar a mulher perfeita. No Cairo conheci uma moça linda e inteligente, com olhos que pareciam olivas pretas, mas ela não era muito cortês. Depois, em Bagdá, conheci uma mulher de alma generosa e amiga, mas não tínhamos muitos interesses em comum. Muitas mulheres passaram pela minha vida, mas em cada uma delas faltava alguma coisa, ou alguma coisa estava demais.
Então, um dia, eu a conheci. Era linda, inteligente, generosa e bem-educada. Tínhamos tudo em comum. Na verdade, ela era perfeita”.
“E então”, replicou o amigo de Nasrudin, “o que aconteceu? Por que você não se casou com ela?”
Pensativo, Nasrudin sorveu mais um gole de chá e concluiu:
“Infelizmente, parece que ela estava à procura do homem perfeito.”

Khawajah Nasr Al-Din in «Histórias de Nasrudin»
Imagem: «Bianca» de Manuel Librodo Jr.

sábado, 19 de junho de 2010

O filósofo que viveu 11 anos com um lobo

Nasceu no país de Gales, frequentou um curso de engenharia e queria ser surfista profissional. Acabou por doutorar-se em Filosofia, andar de país em país por escolha própria e escrever livros dedicados ao estatuto moral dos animais.
Filho de um polícia e de uma professora, Mark Rowlands, 47 anos, o docente universitário viveu dos 27 aos 38 anos com um lobo. Esta jornada levou-o a tecer algumas considerações acerca da natureza humana.
O autor de O filósofo e o Lobo (Lua de Papel, €15) reside em Miami, nos Estados Unidos, é casado, tem dois filhos e um cão.
Que razões o levaram a querer ter um lobo como animal de estimação?
Assim que comecei a trabalhar como professor universitário, nos Estados Unidos, senti falta de um animal de companhia como os grand danois que tinha na casa de família Comprei o jornal local [no Estado do Alabama] e encontrei um anúncio que me chamou a atenção: "Crias de lobo para venda, 96 por cento". O meu destino foi traçado a partir daí.
Que surpresas lhe trouxe essa decisão?
Não é muito diferente de ter um cão de grande porte, não eram substanciais. Mas há um aspecto digno de registo: eu tinha de andar sempre com ele, porque caso o deixasse sozinho em casa, seria uma questão de minutos até destruir tudo o que eu tivesse lá dentro.
Como foi para si lidar com isso?
Estudei programas de treino e ensinei-o a comportar-se em sítios públicos, por exemplo. Fui aprendendo com ele, um dia de cada vez. Sempre nos demos bem, nos transportes públicos ia de trela comigo e nunca foi agressivo.
Sempre viajou muito, com Brenin atrás. Nunca teve problemas?
Eu usava um estratagema e dizia às pessoas que era um cão. O desafio maior foi a mudança dos Estados Unidos para a Irlanda. Ele teve que ficar em quarentena durante seis meses e custou-me, mas nunca foi um problema.
Como reagiram os seus pais quando souberam que vivia com um lobo?
Eles estavam num continente e eu noutro. O meu pai ficou um bocado intrigado, mas não preocupado. Na minha família havia a tradição de resgatar cães grandes, como os grand danois, que são adoráveis mas também podem dar problemas.
O que significava Brenin para si?
Era como um irmão. Uma amigo que me merecia uma grande admiração, pela sua força de carácter. Vou lembrar-me sempre da reacção de Brenim em situações críticas, como a que testemunhei uma vez com um pit bull de um amigo meu: na iminência de ser atacado mortalmente, a sua postura era de calma desafiante, mas nunca de desespero. Ele tinha apenas dois meses.
Esta experiência levou-o a questionar mitos, no plano filosófico?
Fez-me investigar o lado obscuro dos atributos vulgarmente associados à nossa superioridade sobre os outros animais: a inteligência, a moral e a consciência de que somos mortais. O que nos distingue enquanto espécie não abona a nosso favor.
Porquê?
Como fundamento no livro, a raiz da inteligência assenta na capacidade de enganar e manipular; a moral alicerça-se no poder e na mentira; a consciência de que vamos morrer leva-nos a tomar decisões duvidosas como lutar e ter sucesso para dar um sentido da vida, o que nos torna infelizes.
Parece que o mau da fita não é o lobo.
Criou-se essa ideia porque em tempos remotos eles competiam com os humanos por alimentos. A nossa espécie trilhou um caminho evolutivo discutível e gosto de usar a metáfora dos nossos dois lados, o primata e o lupino. O macaco - e eu também tenho um! - faz tudo para ter poder e chegar ao topo, sendo capaz de premeditar, fazer alianças, manipular e dissimular. O lobo equivale à parte de nós que olha para essas questões com desprezo. Gosto da minha faceta de lobo, mas detesto a outra.
E como gere essa faceta na sua vida diária?
(pausa) ... É uma boa questão. Talvez tentando manter as coisas em perspectiva, porque uma vida assente no conceito de sucesso não compensa. Talvez a felicidade não seja isso, mas antes o fazer coisas boas, ser uma pessoa boa. E mesmo a inteligência, por mais útil que seja, pode ser usada para coisas terríveis, como a extinção de outras espécies.
Tem feito críticas a colegas seus, por causa do abuso em animais. Quer especificar?
Refiro-me a experiências feitas nos anos cinquenta e replicadas durante décadas, envolvendo tortura animal. Colocavam cães numa jaula electrificada com uma barreira que ia subindo até ao ponto de a cobaia não mais poder transpô-la. Os bichos agonizavam, defecavam e urinavam sem controlo, até desistirem. A ideia era mostrar que o desespero humano podia ser aprendido. Tais experiências fizeram as carreiras de investigadores de Harvard, mas não beneficiaram ninguém até hoje.
Nove anos depois da morte de Brenin, em que ocasiões se lembra mais dele?
Quando a vida me corre mal, e às vezes corre mesmo, lembro-me sempre dele, transmitindo a sua força e calma nas situações mais adversas, sem recuar ou desistir.
Sempre se definiu como um solitário boémio. Ainda é assim?
(pausa) Houve alturas da minha vida em que me sentia como um lobo. Hoje tornei-me mais suave e paciente. Em muitos aspectos sou uma pessoa melhor, mais tolerante e capaz de perdoar.
Já pensou em ter outro lobo?
Tenho dois filhos que dominam a minha vida de forma tão ou mais exigente do que um lobo. Não existe espaço suficiente na minha vida para isso, neste momento.
Como vê a sociedade actual?
Somos impacientes por natureza. Até que ponto estamos dispostos a fazer sacrifícios é a questão central. De momento isso não é evidente: continuamos a andar de carro, a assistir a derrames de petróleo, ao aquecimento global. O acordo de Copenhaga foi uma piada, as mudanças de atitude são irrisórias e as consequências dramáticas. O que se passa com os lobos é um bom indicador disso. Na América dizem que tencionam reintroduzi-los, mas logo que existam algumas centenas, tencionam voltar a matá-los. E porquê? Porque matam os veados e os alces e os caçadores querem ter esse direito em primeira-mão.

Clara Soares / Visão

quinta-feira, 17 de junho de 2010

John Lennon tocou de cuecas

Paul McCartney: "John Lennon tocou de cuecas e com uma tampa de sanita na cabeça" num concerto dos Beatles

Músico lembra com saudade os tempos loucos vividos pela banda de Liverpool.
Os anos iniciais - e de maior loucura - dos Beatles parecem estar ainda bastante presentes na memória de Paul McCartney. Em entrevista à Shortlist o cantor, compositor e baixista de 67 anos (cumprirá amanhã, 18 de Junho, 68) lembrou um episódio peculiar decorrido em começos da década de 60, após uma jornada de 'bebedeira' na cidade de Hamburgo, Alemanha. Na época, os Beatles eram verdadeiros operários, viajando de cidade em cidade e dando concertos de forma incansável.

in... BLITZ / AEIOU

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Andrea Bocelli - Besame Mucho

O Prémio excelência e desmérito

Manifestação contra o sequestro da Frota da Liberdade


Os eurodeputados do Bloco de Esquerda participaram na manifestação de 31 de Maio em Bruxelas contra o sangrento ataque militar de Israel à Flotilha da Liberdade, que transportava ajuda humanitária. Depoimentos de Marisa Matias e Miguel Portas.

Alentejo - cegonhas planando

Alentejo - Ceifa moderna

Antiga nora - Freguesia de Salir

Nora (água)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nora é um engenho ou aparelho para tirar água de poços ou cisternas. É constituído por uma roda com pequenos reservatórios ou alcatruzes.
Possui uma haste horizontal acoplada a um eixo vertical que por sua vez está ligado a um sistema de rodas dentadas. Este sistema faz circular um conjunto de alcatruzes entre o fundo do poço e a superfície exterior. Os alcatruzes descem vazios, são enchidos no fundo do poço, regressam e quando atingem a posição mais elevada começam a verter a água numa calha que a conduz ao seu destino. O ciclo de ida e volta dos alcatruzes ao fim do poço para tirar água mantém-se enquanto se fizer rodar a haste vertical e o poço tiver água.
Tradicionalmente as noras são engenhos de tracção animal. Estes engenhos vieram em muitos casos substituir a picota ou cegonha anteriormente utilizados como engenhos principais para tirar água na Península Ibérica onde se pensa que tenham sido introduzidos pelos árabes.