sábado, 31 de outubro de 2009

Fado de Lisboa

Na segunda metade do século XIX, surge em Lisboa, embalado nas correntes do romantismo, uma melopeia que tanto exprimia a tristeza unânime de um povo e a desilusão deste para com o ambiente instável em que vivia, como abria faróis de esperança sobre o quotidiano das gentes mais desfavorecidas e, mais tarde, penetrava ainda nos salões da aristocracia, tornando-se rapidamente uma expressão musical nacional.
Porém, a sua origem histórica, sem grandes aprofundamentos, tem para uns autores filiação mourisca ou africana, e para outros surge como importação do Brasil, sob o espectro da tradição do lundum, que terá encontrado a expressão máxima com o acompanhamento da guitarra.
Segundo o músico Rui Vieira Nery, a história do fado tem início bem longe de Lisboa. Em 1808, com o exército francês, juntamente com os aliados espanhois, já em território português, o rei D. João VI vê-se obrigado a partir com a sua família para o Brasil, sendo seguido prontamente pela corte. Depois da partida da corte para a antiga colónia, parte da população decide migrar para o mesmo local.
O retorno destes emigrantes a Lisboa, juntamente com a expressão musical dos britânicos, espanhóis e franceses que se haviam estabelecido na cidade, depois daquele período turbulento, cria uma espécie de «movimento cultural» popular, que logo receberia o nome de fado. Começou por ser cantado nas tabernas e nos pátios dos bairros populares, como Alfama, Castelo, Mouraria, Bairro Alto, Madragoa, mas logo tomou importância nacional.
O fado era na altura considerado uma expressão artística herética. As suas origens boémias e ordinárias, baseadas nas tabernas e bordéis, nos ambientes de orgia e violência dos bairros mais pobres e violentos da capital, tornavam o fado condenável aos olhos da Igreja, que desde cedo tentou impedir a evolução de tal movimento.
Porém, é com a penetração da fidalguia nos bairros do castelo, com a presença constante dos cavalheiros e mesmo fidalgos titulares, que o fado se torna presença nos pianos dos salões aristocráticos. Tais nobres que se aventuravam naquele ambiente bairrista foram traduzindo as melodias da guitarra para as pautas das damas de sociedade, que até ali só investiam nas modinhas. Tal investidura levou a que o fado, ao passar da década de 1880, se tornasse assíduo dos salões.
As guerras civís da metade do século criaram um clima de insegurança que envolveu as vicissitudes a vida parlamentar e política, despertando na voz popular a adesão maior ao fado e ao regozijo que este lhe trazia.
As tabernas, primordialmente, eram palco de encontros de fidalgos, artistas, trabalhadores da hortas, populares e estrangeiros, que se reuniam em noites de fado vadio, ou seja, o fado não profissional.
A primeira cantadeira de fado de que se tem conhecimento foi Maria Severa Onofriana. [1] Cigana e prostituta, de família da mesma estirpe, cantava e tocava guitarra nas ruas da Mouraria, especialmente na Rua do Capelão. Era amante do Conde de Vimioso e o romance entre ambos é tema de vários fados.
Mas é com início do século XX que nasce Ercília Costa, uma fadista quase esquecida pelas vicissitudes do tempo, que foi a primeira fadista com projecção internacional e a primeira a galgar fronteiras de Portugal.
Os temas mais cantados no fado são a saudade, a nostalgia, o ciúme, as pequenas histórias do quotidiano dos bairros típicos e as lides de touros. Eram os temas permitidos pela ditadura de Salazar, que permitia também o fado trágico, de ciúme e paixão resolvidos de forma violenta, com sangue e arrependimento. Letras que falassem de problemas sociais, políticos ou quejandos eram reprimidas pela censura.
Deste fado "clássico" (também conhecido por fado castiço) são expoentes mais recentes Carlos Ramos, Alfredo Marceneiro, Maria Amélia Proença, Berta Cardoso, Maria Teresa de Noronha, Hermínia Silva, Fernando Farinha, Fernando Maurício, Lucília do Carmo, Manuel de Almeida, entre outros.
O fado moderno iniciou-se e teve o seu apogeu com Amália Rodrigues. Foi ela quem popularizou fados com letras de grandes poetas, como Luís de Camões, José Régio, Pedro Homem de Mello, Alexandre O’Neill, David Mourão-Ferreira, José Carlos Ary dos Santos e outros, no que foi seguida por outros fadistas como João Ferreira-Rosa, Teresa Tarouca, Carlos do Carmo, Beatriz da Conceição, Maria da Fé. Também João Braga tem o seu nome na história da renovação do fado, pela qualidade dos poemas que canta e música, dos autores já citados e de Fernando Pessoa, António Botto, Affonso Lopes Vieira, Sophia de Mello Breyner Andresen, Miguel Torga ou Manuel Alegre, e por ter sido o mentor de uma nova geração de fadistas. Acompanhando a preocupação com as letras, foram introduzidas novas formas de acompanhamento e músicas de grandes compositores: com Amália é justo destacar Alain Oulman (um papel determinante na modernização do suporte musical do fado), mas também Frederico de Freitas, Frederico Valério, José Fontes Rocha, Alberto Janes, Carlos Gonçalves.
O fado de Lisboa que é hoje conhecido mundialmente pode ser (e é muitas vezes) acompanhado por violino, violoncelo e até por orquestra, mas não dispensa a sonoridade da guitarra portuguesa, de que houve e ainda há excelentes executantes, como Armandinho, José Nunes, Jaime Santos, Raul Nery, José Fontes Rocha, Carlos Gonçalves, Pedro Caldeira Cabral, José Luís Nobre Costa, Ricardo Parreira, Paulo Parreira ou Ricardo Rocha. Também a viola é indispensável na música fadista e há nomes incontornáveis, como Alfredo Mendes, Martinho d'Assunção, Júlio Gomes, José Inácio, Francisco Perez Andión, o Paquito, Jaime Santos Jr., Carlos Manuel Proença. Obrigatório é mencionar um virtuoso da guitarra clássica que se especializou em viola de Fado, Artur Caldeira, e o expoente máximo da "escola antiga", o viola-baixo de Fado, Joel Pina, o "Professor".
Actualmente, muitos jovens –Raquel Tavares, Helder Moutinho, Maria Ana Bobone, Mariza, Yolanda Soares,Joana Amendoeira, Mafalda Arnauth, Miguel Capucho, Ana Sofia Varela, Marco Oliveira, Katia Guerreiro, Luísa Rocha, Camané, Aldina Duarte,Gonçalo Salgueiro, Diamantina, Ricardo Ribeiro, Cristina Branco – juntaram o seu nome aos dos consagrados ainda vivos e estão dando um fôlego incrível a esta canção urbana.
O fado dito "típico" é hoje em dia cantado principalmente para turistas, nas "casas de fado" e com o acompanhamento tradicional. As melhores casas de fado encontram-se nos bairros típicos de Alfama, Mouraria, Bairro Alto e Madragoa. Mantém as características dos primórdios: o cantar com tristeza e com sentimento mágoas passadas e presentes. Mas também pode contar uma história divertida com ironia ou proporcionar um despique entre dois cantadores, muitas vezes improvisando os versos – então, é a desgarrada.

in... Wikipédia, e Enciclopédia livre

Homem-Macaco

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

U2 - One

No teu meigo olhar


No teu meigo olhar
Terno e sedutor
Eu sinto falar
A voz do amor
Passas risonha
Bem perto de mim
Cheia de vergonha
Não sejas assim
Olha de frente
Onde eu estiver
Tu és sómente
Apenas mulher
Tu tens coração
Tu gostas de amar
Atende a razão
Vem-me abraçar
Corre para mim
Flor encantada
Pois no meu jardim
Foste plantada
Quero-te tanto
Não sei explicar
És o encanto
Que ouso desejar
Tu serás minha
E de mais ninguém
Tu és a rainha
Do amor... meu bem.

José C. Ramalho - Direitos de Autor Reservados / SPA
in... "Metamorfoses da Minha Vida"

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Cambão" eleitoral em Beja?


quinta-feira, 29 de outubro de 2009 - 18h06



Francisco Santos falta à tomada de posse de Pulido Valente

O ainda presidente da Câmara de Beja, Francisco Santos, revelou esta quinta-feira, 29, que vai faltar à cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos autárquicos do concelho, agendada para esta sexta-feira, 30, onde o socialista Jorge Pulido Valente assumirá a presidência da autarquia bejense.

Em comunicado, Francisco Santos explica que a sua ausência acontecerá "em protesto pela forma pouco transparente como decorreram as eleições autárquicas de 11 de Outubro de 2009" no nosso concelho.

"Na verdade, o surgimento de um sindicato de voto organizado em torno de dirigentes locais do PSD que conduziram uma campanha para que os seus militantes e simpatizantes votassem não no seu candidato, como seria lógico, mas sim no candidato do PS, condicionou o resultado eleitoral", acrescenta o autarca da CDU, criticando aquilo que compara a uma "prática frequente em países da América Latina e no sul de Itália, conhecida no Brasil como cambão eleitoral”.

Tal prática "pressupõe a evidência de um acordo não declarado, visando a obtenção de benefícios pessoais ou de grupo, representando sempre, uma violação das mais elementares regras democráticas, consubstanciando uma verdadeira fraude eleitoral", conclui o comunicado de Francisco Santos.
in... Correio Alentejo

Amália Hoje - A gaivota

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Andrea Bocelli - Por ti volare

Rasga esses versos que eu te fiz amor


Rasga esses versos que eu te fiz, Amor!
Deita-os ao nada, ao pó ao esquecimento,
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
Que a tempestade os leve aonde for!


Rasga-os na mente, se os souberes de cor,
Que volte ao nada o nada dum momento.
Julguei-me grande pelo sentimento,
E pelo orgulho ainda sou maior!...


Tanto verso já disse o que eu sonhei!
Tantos penaram já o que eu penei!
Asas que passam, todo o mundo as sente...


Rasga os meus versos... Pobre endoidecida!
Como se um grande amor cá nesta vida
Não fosse o mesmo amor de toda a gente!...


Florbela Espanca, Poetisa Alentejana

Rendo-me aos teus encantos de mulher


Rendo-me aos teus encantos de mulher,
Porque me encantas de forma deliciosa;
Encantado fico com o perfume da rosa,
Que é diferente de outra flor qualquer.


No universo há estrelas tão cintilantes,
Que brilham em todo o seu esplendor;
Que alimentam o ego do poeta, do cantor,
Longínquas mas belas, mesmo distantes.


A natureza é perfeita de cor e harmonia,
Milagre da criação, nasce a poesia,
Na pena do poeta, na tela do pintor…


Mistura divina assim transformada,
Como que por magia dum toque de fada,
Espalhas a luz e o perfume em teu redor.

José C. Ramalho - Direitos de Autor Reservados / SPA

Poema para Florbela - Manuel da Fonseca


Charneca de vida a vida
Tolhida de solidão
névoa da água dos olhos
triste coração pesado
do coro de ganhões perdidos
na sombra que cai do céu.


Ladrões a comerem estradas
entre cavalos da guarda
para a cadeia das vilas
Bebedeira de malteses
desgraçados e terríveis
gritando facas de mola
Caminhos do Alentejo
desde menino vos piso
no meu caminho para Beja


Ó navalhas de malteses!
Coro de ganhões perdidos
Emboscadas de ladrões
Ó urzes, cardos, esteveiras!
Terra bravia de fomes
Caminhos do Alentejo
Deixai me passar em frente!


Que na Torre Alta de Beja
Florbela grita o meu nome
sorrindo para os meus olhos
com os seios tão redondos
como duas rosas cheias!

Rão Kyao - Lisboa

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vós, ó Franças, Semedos, Quintanilhas


Manuel Maria Barbosa du Bocage, consagrado muito justamente como o maior poeta português depois de Camões, ao ingressar na Nova Arcádia com pseudónimo de Elmano Sadino, depressa se apercebeu da medíocridade dos seus comparsas e puxando da sua veia satirica ironizou os seus talentos poéticos através do magnifico soneto abaixo transcrito. Tal situação originou-lhe o ódio dos visados, que além da expulsão da Nova Arcádia, nunca lhe perdoaram semelhante atrevimento.

*****

Vós, ó Franças, Semedos, Quintanilhas,
Macedos e outras pestes condenadas;
Vós, de cujas buzinas penduradas
Tremem de Jove as melindrosas filhas;

Vós, néscios, que mamais das vis quadrilhas
Do baixo vulgo insossas gargalhadas,
Por versos maus, por trovas aleijadas,
De que engenhais as vossas maravilhas,

Deixai Elmano, que inocente e honrado
Nunca de vós se lembra meditando
Em coisas sérias, de mais alto estado;

E se quereis, os olhos alongando,
Ei-lo! Vede-o no Pindo recostado,
De perna erguida sobre vós mijando!

Bocage

Rastolhice - Dá-me uma pinguinha d´água

Rui Veloso - Porto Côvo

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Dr. Horácio Flores


Texto: João Covas Lima texto


Em Outubro, o dia surgiu triste e chuvoso. Adivinhava-se tristeza e melancolia. A notícia apareceu de repente. Horácio Flores tinha-nos deixado para sempre.
Amargurado com a alma despedaçada, embora fosse notícia esperada, resolvi escrever-te estas linhas.
Recordo a nossa vinda para Beja, os envolvimentos que era preciso vencer, a chegada ao velho Hospital da Misericórdia.
A tua missão nessa altura era instalar o novo hospital que a D. Lina Fernandes tinha doado a esta terra.
O novo hospital nasceu contigo, cirurgião que o Hospital de Santa Maria via abalar, pelos teus conhecimentos não só médico-cirúrgicos mas também pela parte administrativa. O Hospital de José Joaquim Fernandes nasceu e depressa cresceu.
O internato e a formação médica conduzidos pela tua mão envaideceram Beja, e tornaram o nosso hospital numa referência nacional e mesmo Internacional.
Depois foi a luta pela Escola de Enfermagem, que também tu venceste. Beja médico-cirúrgica deve-se a ti, à tua personalidade, à tua competência e dignidade.
Soubeste respeitar os médicos antigos que por cá labutavam e trabalhavam arduamente, e contigo cresceram com dignidade e competência os médicos novos que escolhiam a nossa cidade para se instalarem e começarem a sua vida.
Tenho o orgulho de ter sido o teu maior amigo e companheiro de todas as vivências.
Por vezes discordámos, o que achávamos salutar, mas nunca a nossa amizade esfriou, antes pelo contrário.
O teu Diploma de Cidadão de Mérito foi recentemente por mim recebido das mãos do Sr. governador civil. Foi a última vez que me senti em perfeita sintonia com o amigo que não tardaria a partir.
A tua Chica e as tuas filhas poderão contar com o prolongamento desta amizade que teve a sua origem na profissão comum e que se cimentou no convívio do dia-a-dia.
Meu caro Horácio, meu bom amigo, vou sentir muitas saudades.
Ficas fazendo muita falta a esta terra que adoptaste e a este amigo que nunca te poderá esquecer.



in... Diário do Alentejo

Pega Poetisa na tua pena


Pega Poetisa na tua pena
O poema tu sabes compor
Em versos que falem de amor
Óh linda moça morena

Tens dentro de ti poesia
Que eu gosto de admirar
Teus versos vão-me inspirar
Com a tua sabedoria

São para mim lições de vida
Como tu sabes filosofar
Tu és forte e aguerrida
Tu tens força para lutar
Tua rima enriquecida
Pela força do teu olhar

José C. Ramalho - Direitos de Autor Reservados - SPA

Pablo Picasso [ Woman Reading ] 1932


Pablo Picasso [ Woman Reading ] 1932


“Desperta teus sentidos
para que não percas
tudo de belo e formoso
que te cercas.
Apaga a cinza de tua vida
e acenda as cores
que carrega dentro de ti.”

(Pablo Picasso)

Os versos se juntaram em sintonia



Os versos se juntaram em sintonia,
O poema se formou na minha mente;
Como o nascer do sol ao romper do dia,
O soneto tomou forma de repente.


Catorze versos fazem a melodia,
Que entra bem dentro da alma da gente;
A chama imensa que nos alumia,
E faz o poeta cantar gostosamente.


Canta a vida, o amor, a natureza,
Sua voz jamais se poderá calar,
Entoando sempre novas canções.


Sentir e glorificar toda a beleza,
A forma infinita do verbo amar,
A primeira de todas as motivações.


José C. Ramalho - Direitos de Autor Reservados / SPA

domingo, 25 de outubro de 2009

Chico Buarque - O meu amor

Rio de Janeiro em Guerra

http://aeiou.expresso.pt/fotogaleria-rio-de-janeiro-em-guerra=f543342
O Rio de Janeiro é palco de violentos confrontos entre tropas do exército e da polícia e moradores das favelas cariocas, agora ainda mais estigmatizados com a construção de muros que os separam da "cidade maravilhosa".

Na mega-operação em curso contra o crime organizado, em especial o narcotráfico, até agora cerca de 40 pessoas perderam a vida. Há vítimas dos dois lados, e ninguém pode assegurar quem começou a guerra.
A crescente onda de violência que no passado fim-de-semana atingiu o Rio de Janeiro - que vai acolher o Campeonato do Mundo de futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 - ameaça tirar o brilho ao clima de festa que se vive na cidade e no resto do país.
O Brasil ascende como uma nova potência e emerge com força em busca de um lugar no centro da política mundial. O país passou de devedor para credor do Fundo Monetário Internacional, registou vitórias na Organização Mundial do Comércio contra os Estados Unidos e fez uma parceria estratégica com a União Europeia.
Conquistou, também, prémios concedidos por organizações internacionais, como por exemplo a Unesco. Através dos programas sociais, o Brasil cumpriu o primeiro dos Objectivos do Milénio - reduzir a pobreza para metade em 25 anos - dez anos antes do prazo final. Apesar disso, o fosso da sociedade brasileira permanece. Um rico no Brasil gasta em três dias o que um pobre gasta durante um ano.
A guerra urbana nos bairros críticos do Rio de Janeiro - que está a ter repercussão internacional e que não é alheia aos problemas sociais - contribui para manchar o igualmente crescente prestígio do país. Curiosamente, o Brasil acaba de ser eleito para ocupar um lugar no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

sábado, 24 de outubro de 2009

Lince Ibérico


DESTAQUE: Chama-se Azahar (flor de laranjeira) e será o primeiro lince a chegar ao Centro de Recuperação do Lince-Ibérico de Silves. (in Correio da Manhã)



Na lista das espécies em vias de extinção em Portugal, o lince-ibérico (lynx pardinus) assume os lugares cimeiros. Este é mesmo considerado o felídeo mais ameaçado do mundo, estando classificado como “criticamente em perigo” pelos Livros Vermelhos de Portugal e da União Internacional para a Conservação da Natureza.

Mas este cenário pode mudar no futuro. Para inverter esta situação, o Governo inaugurou, em Maio, o Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves, e prepara-se para assinar no dia 28 de Julho (Dia da Conservação da Natureza), um protocolo para a construção de um centro de aclimatação do lince na serra da Malcata.
A unidade, localizada em plena Reserva da Malcata (partilhada entre os municípios de Penamacor e Sabugal), irá receber linces provenientes do centro de Silves. Este tem uma área de seis hectares, com capacidade para acolher 16 animais, que deverão começar a chegar de Espanha em Setembro. A ideia é assegurar a reprodução da espécie em cativeiro, e depois reintroduzir os linces no território nacional.
A partir de Setembro, Portugal tem três anos para preparar um habitat para receber o lince na natureza, ou seja, fora de cativeiro. Esse é o objectivo do projecto ibérico “Iberlinx - Acção territorial transfronteiriça de conservação do Lince Ibérico”, financiado pelo Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal 2007-2013 (POCTEP). O custo total do projecto é de 1,275 milhões de euros.
Um dos beneficiários deste montante é a empresa Águas do Algarve, uma das parceiras na construção do CNRLI, com o apoio do Comité de Cria em Cativeiro para o Lince-Ibérico e do Instituto Nacional da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). O projecto é uma «medida de sobrecompensação» pelos impactes ambientais da construção da barragem de Odelouca.


Em declínio desde final dos anos 90


O lince-ibérico não é avistado no território nacional desde 2001, mas estima-se que, em meados dos anos 90, existiriam 1000 a 1200 exemplares distribuídos por nove núcleos populacionais, entre Portugal e Espanha.
No final da década, foi feita uma avaliação da situação pelo ICNB, através do Programa Liberne, e os resultados indicaram um declínio generalizado da espécie no País. O motivo? A acentuada regressão do coelho-bravo, principal presa do lince, a destruição dos habitats mediterrânicos, e também a caça furtiva.
Em Espanha, o lince continua a viver no seu habitat natural, fruto dos esforços feitos pelo governo espanhol para recuperar a população, que aumentou já em 49 por cento. Já há 188 animais entre a Sierra Morena e Doñana, na Andaluzia, um feito que levou a União Europeia a premiar o “Life Lince” andaluz como um dos cinco melhores projectos ambientais financiados com dinheiros comunitários.
O êxito deste primeiro programa levou à criação de um novo, cuja duração foi alargada até 2011. O investimento previsto é de 26 milhões de euros, o maior montante investido em programas de conservação de espécies.
Por cá, o CNRLI é o culminar dos esforços feitos há mais de 30 anos pela Liga para a Protecção da Natureza, que tem tentado trazer o felino com pêlos em forma de pincel na ponta das orelhas de volta a Portugal. No final deste ano termina um projecto Life que, desde Outubro de 2006, tem procurado recuperar e conservar habitats e corredores que os ligam entre si nas serras e montados de Moura-Barrancos, promovendo condições de sobrevivência para a espécie.
Esta região é uma das oito áreas prioritárias de intervenção do Plano de Acção para a Conservação do Lince-ibérico em Portugal, aprovado em Maio de 2008, juntamente com Malcata, Nisa, São Mamede, Guadiana, Caldeirão, Monchique e Barrocal.


Autor / Fonte
Marisa Soares

D.João V e o Convento de Odivelas




Madre Paula (1701-1768) foi uma freira famosa, apenas por ser amante do rei D. João V, de quem teve vários filhos.
A madre Paula, religiosa do Mosteiro de São Dinis Odivelas e mãe de D. José, um dos Meninos de Palhavã, tornou-se a amante mais célebre do Magnânimo, ficando para sempre associada ao monarca e ao seu reinado. O traço de escândalo da paixão que teria inspirado a D. João V durante uma longa relação amorosa combina-se com a fama do espantoso luxo que a protecção do soberano enriquecido pelo ouro brasileiro forneceria a Paula.

in... WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre



Eram mais de trezentas as donzelas,
Que tinham o hábito de religiosas;
Moças lindas, esbeltas e fogosas,
Em grandes bacanais à luz das velas.


Tudo isto no Convento de Odivelas,
Madre Paula como sua superiora;
Para João V a amante inspiradora,
Dum harém onde todas eram belas.


Faziam os deleites da nobreza,
Bastardos lhe deram com realeza,
Meninos de Palhavã ali nasceram;
O Rei Magnânimo foi seduzido,
Nesse convento tão corrompido,
Porque da Fé, todos se esqueceram!...


José C. Ramalho - Direitos de Autor Reservados / SPA

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

José Mário Branco, Fausto e Sérgio Godinho (Três Cantos)


Uma vontade antiga de cantarem juntos trouxe esta quinta-feira até ao Campo Pequeno, em Lisboa, Sérgio Godinho, José Mário Branco e Fausto Bordalo Dias. Desde Maio que o trio começou a trabalhar em conjunto sobre alguns dos temas mais marcantes das suas carreiras para que nada falhasse neste espectáculo inédito e tão singular ao qual deram o nome «Três Cantos» e o subtítulo «Enfim Juntos».

Aliando a singularidade de cada um à cumplicidade e afinidade que os une, os três músicos e compositores juntaram-se para cantar o amor, a guerra, a paz, a desilusão, a esperança e tantos outros temas que marcaram toda uma Nação. Ainda os músicos não tinham subido ao palco e já o Campo Pequeno em peso chamava por eles com aplausos compassados. «Guerra E Paz», de Sérgio Godinho, foi o tema escolhido para dar início a este espectáculo, que juntou três das grandes referências musicais do que é cantar em português e cujas carreiras se cruzaram ao longo dos anos.
«Boa noite! O que é que eu vos poderia dizer mais do que Estou tão contente?! Hoje, está aqui sintetizado o que somos e dizemos há 40 anos, cada um à sua maneira. Contem com isto de nós, para cantar e para o resto», disse José Mário Branco quando ficou em palco apenas com a orquestra para interpretar alguns dos seus emblemáticos temas, como «Onofre» e «Emigrante De Quarta Dimensão».
Depois de um dueto entre José Mário Branco e Fausto Bordalo Dias com a música «Mariazinha», da autoria do primeiro, foi a vez de Fausto percorrer sozinho alguns dos seus temas, como «A Nova Brigada dos Coronéis dos Lápis Azuis».
«Alguns dos meus heróis são aqueles que muitas vezes não vêm nos jornais e passam incognitamente nas ruas como este velho samurai que continua na vida da má sorte de estandarte levantado», disse Sérgio Godinho quando chegou a sua vez de cantar o primeiro tema da noite sozinho, «O Velho Samurai». Seguiu-se «Cuidado Com As Imitações», que o cantor terminou, em tom de brincadeira, dizendo: «Depois não digam que eu não vos avisei». Mas foi com o tema «O Primeiro Dia» que o músico conseguiu pôr o público a cantar e a bater palmas mais do que nunca.
Como não poderia deixar de ser, também Sérgio Godinho e José Mário Branco fizeram um dueto com o tema «Se Tu Fores À Praia (Rosalinda)», da autoria do terceiro elemento do grupo. «O Fausto não está aqui agora, vamos aproveitar», dizia José Mário Branco, em tom de brincadeira.
Depois de percorridas, individualmente e em dueto, as carreiras das três lendas da música portuguesa, eis que voltam a encontrar-se todos no palco. Sem o acompanhamento dos 22 músicos que compunham a orquestra, tornou-se ainda mais evidente a harmonia e a cumplicidade das suas vozes ao recordarem temas como «Canto Dos Torna-Viagem», de José Mário Branco, «Não Canto Porque Sonho», de Fausto, ou «Charlatão», de José Mário Branco e Sérgio Godinho, que, num tom irónico, afirmou que «um charlatão é coisa que já não existe em Portugal».
À 20ª música a orquestra regressou ao palco e o trio apresentou os seus elementos um a um para, de seguida, prestar uma sentida homenagem a Zeca Afonso, de quem consideram ser herdeiros. Entre as 30 músicas que faziam parte do alinhamento não puderam deixar de incluir «De Não Saber O Que Se Espera».
Depois de cantarem «Faz Parte», um tema inédito que criaram especialmente para este espectáculo, conseguiram pôr novamente o público a cantar e a bater palmas em uníssono com «Mudam-se Os Tempos», de José Mário Branco, «Que Força É Essa», de Sérgio Godinho, ou «Olha O Fado», de Fausto.
Enquanto eram incansavelmente aplaudidos de pé, os três músicos saíram do palco de cravo na mão para depois regressarem e finalizarem o espectáculo, cantando «Maré Alta», de Sérgio Godinho, e «Inquietação», de José Mário Branco, e «Na Ponta Do Cabo», de Fausto.

Publicado por IOL - Cátia Soares

Versos meus escritos docemente



Versos meus escritos docemente,
Como uma brisa suave ao passar;
Foram versos que fiz para te encantar,
Foram palavras que senti ardentemente.


Com rima ou verso branco simplesmente,
Aqui a métrica pouco vai importar;
Conta o sentimento de poder cantar,
Esse amor que senti profundamente.


E tu foste a mais forte das razões,
Brotou poesia carregada de emoções,
Em versos que tinham algum talento.


Versos que em si mesmo se inventaram,
E de forma simples se multiplicaram,
E fizeram de mim, apenas, Filho do Vento!...

José C. Ramalho - Direitos de Autor Reservados / SPA

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Saramago e a Igreja Católica


A recente polémica que envolve Saramago e a igreja católica tendo como base a publicação do livro Caim, apenas vem demonstrar as posições extremadas dos antagonistas. A igreja não pode apagar do seu vasto curriculum todo um passado nefasto que através dos séculos contribuiu para reduzir o ser humano à sua ínfima expressão. Falar da igreja católica é relembrar a “santa Inquisição” que destruiu milhões de vidas humanas, “hereges” queimados na fogueira, usurpação de bens alheios que confiscados pelo santo oficio alimentaram a máquina infernal dessa instituição religiosa. Saramago o dono da verdade absoluta desafia em tom provocatório essa mesma igreja que chegou ao século XXI carregando esse passado pouco recomendável mas que ainda não aceitou que o seu poder está muito relativizado porque as mentalidades mudaram e o inferno reside precisamente na mente dessa cambada que vive à sombra do Vaticano. Que Saramago tenha direito à liberdade de expressão estamos totalmente de acordo, mas que seja coerente consigo próprio e denuncie abertamente o que se passa nos regimes totalitários que defende com unhas e dentes. Claro que aqui a contradição é mais que evidente… a filosofia social-fascista que manifestamente aprecia deixa muito a desejar numa sociedade democrática onde o voto popular rege um estado de direito.


Saramago é um demagogo que não prima minimamente pelo bom senso… defende as contradições mais absurdas que se possam imaginar e julga-se o pansófico absoluto em que a sua sabedoria vai muito além do comum dos mortais. Mas como como “presunção e água benta cada qual toma a que quer” ele que continue a insinuar-se como um ser humano endeusado ao bom estilo de Stalin ou Fidel,seu particular amigo. Afinal os extremos tocam-se e neste caso parece que estão ao mesmo nível.

Texto:  José C. Ramalho

domingo, 18 de outubro de 2009

Pelo Reino do Gharb - Lagos



Fotos JC Ramalho - Direitos de Autor Reservados / SPA

Quero sentir a delicia do teu beijo


Quero sentir a delicia do teu beijo
Gostoso, molhado, pleno de paixão
Sentir forte toda a gana do desejo
Quando me envolves plena de sedução

Quero-te fogosa, totalmente atrevida
Viajando nas asas da imaginação
Entre quatro paredes desinibida
Gemendo de gozo e muita excitação

Soletra palavras, inventa poesia
Como se fosse apenas fantasia
E entrega-te no desejo ardente
Vibra, como se estivesses nas alturas
Inventa agora todas as loucuras
Para juntos, gozarmos, perdidamente

José C. Ramalho - Direitos de Autor Reservados / SPA

Tanta coisa que prometo


Foto tirada da net

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Foi um momento de espera



Foi um momento de espera
Aquele em que te fiz meu...
Cá dentro eu te esperava e queria
Saboreando vida, sorvendo ternura
Tecendo risos lentos e largos
Querendo certeza, despindo ilusões...



Desejei arco-íris marcando horizontes
E tuas mãos nas minhas, cantando alegria
Quis que provasse calor do meu gosto
Que valsasse urgência em minha saudade
E me contasse segredos em gotas de sonhos.



Prolongou-se o momento de espera 
Anunciou-se a certeza, já não eras meu!
Cá dentro, agora, faço do verso um triste lamento
Conformo-me em ser sozinha, e mesmo agora
Alimento minha dor e desalento.



 Useene Santana Leal - Filósofa e Poetisa




domingo, 11 de outubro de 2009

Aquele momento

 

Nós dois a sós, enfim
O abraço que nos chama
O beijo que vem, sim
O convite que nos faz a cama


Em suaves toques as carícias
O desejo que nos inunda
Teu corpo aos poucos no meu...delícias
Ah! Sensações tão profundas...


É pele com pele
Medos, receios foram para longe
Calor que derrete qualquer neve
Só frêmitos...onde estamos, onde?


Meu corpo no teu ficou...demorado
Tu te sentias como eu
Teu perfume em mim impregnado
Sou tua...és meu...


Deixamo-nos ficar...abraçados
Tua mão na minha mão
Felizes e cansados
A comungar da mesma emoção


Olhos nos olhos
Era amor o que se lia
A vida, dona de todos os jogos
Ah! E em jogos não se fia


Seguimos por diferentes trilhas
Mas aquele momento nunca passou
Entre nós milhares de milhas
Para mim, um sonho que não findou

M.F.V.S.



segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Implantação da Republica 1910


O descontentamento popular que advém com a questão do Mapa Cor de Rosa, em que a Inglaterra impôs a Portugal que retirasse dos territórios africanos que se situavam entre Angola e Moçambique, Ultimato Inglês 1890, causou grande desgaste no governo monárquico que se viu confrontado logo no ano seguinte com a Revolta do Porto de 31 de Janeiro, ou seja, a primeira tentativa para derrubar o regime vigente e implantação da Republica. D. Carlos ao conferir plenos poderes a João Franco para governar em ditadura, em que o Parlamento é suspenso e a censura instaurada para a imprensa, apenas agrava o mau estar que se sentia no país. Tudo isto aliado à grave crise económica, os sucessivos adiantamentos de dinheiro ao rei motivam cada vez maior descontentamento e a revolta fervilha no ar. Os Republicanos conjuram apoiados pela Carbonária e a revolução está em marcha. D.Carlos ao regressar de Vila Viçosa é assassinado no Terreiro do Paço no dia 1 de Fevereiro de 1908, juntamente com o príncipe herdeiro D.Luis Filipe. Sucede-lhe o filho mais novo, D.Manuel II que ainda consegue governar por mais dois anos, mas a 5 de Outubro de 1910 as forças revolucionárias conseguem instalar a Republica em Portugal, sendo a família real exilada para Inglaterra. Faz hoje 99 anos que a monarquia deixou de reinar em Portugal e com todas as  vicissitudes que se lhe reconhecem o regime republicano chegou ao século XXI num período em que a recessão económica domina a nível mundial.

Texto: José C. Ramalho