domingo, 17 de abril de 2011

Gagarine, 50 anos depois

Para lá dos feitos associados à conquista do espaço, da investigação associada aos voos espaciais tripulados resultaram tecnologias que melhoraram a vida do cidadão comum cá em baixo na Terra.

Por Rui Curado Silva

Yuri Gagarine A 12 de Abril de 1961, de seu nome de código “Cedro”, um jovem russo de 27 anos e 1,59m, Yuri Gagarine, é lançado num míssil intercontinental a bordo da cápsula Vostok para um voo de 108 minutos à volta da Terra que atingiu o seu apogeu a 370 km de altitude. Depois de entrar na atmosfera Gagarine accionou o acento ejectável e posou com algumas dificuldades perto de Saratov. Gagarine tornou-se imediatamente o mais popular herói da URSS, um herói em quem se revia o cidadão comum, na sua simplicidade, simpatia e nas suas origens modestas: mãe camponesa e pai carpinteiro. O regime soviético classificou a proeza como a prova da competitividade do socialismo
Entre 3.000 candidatos, Yuri Gagarine integrou o grupo de 20 seleccionados que passou por um intenso programa de treinos e de testes na Cidade das Estrelas. Apenas 4 dias antes do lançamento foi escolhido o cosmonauta que embarcaria na Vostok e o seu suplente: Gherman Titov. Todos os preparativos desta missão foram guardados em segredo. Se algo corresse mal durante o voo de Gagarine nada seria divulgado e este desapareceria no anonimato. O mérito do feito de Gagarine é reforçado quando se considera que a taxa de sucesso de lançamentos de cápsulas espaciais era na altura cerca de 54%, facto que o Cedro desconhecia. Mas seria curiosamente num acidente ocorrido durante um voo de treino quando tripulava um MIG-15 que Yuri Gagarine encontraria a morte, a 27 de Maio de 1968, uma semana antes do assassinato de Martin Luther King e cerca de dois meses antes do assassinato de Robert Kennedy.
Desde a morte de Gagarine até ao presente, os voos espaciais tripulados tiveram o seu auge durante o programa Apollo. No entanto, o espaço internacionalizou-se e hoje em dia astronautas russos, europeus e cosmonautas russos partilham o reduzido espaço da Estação Espacial Internacional, dedicando-se à investigação em ambiente de micro-gravidade e ao estudo dos voos espaciais de longa duração, que se poderão estender de algumas semanas a cerca de um ano. Para lá dos feitos associados à conquista do espaço, da investigação associada aos voos espaciais tripulados resultaram tecnologias que melhoraram a vida do cidadão comum cá em baixo na Terra: fatos de bombeiro anti-fogo, aparelhos de hemodiálise portáteis, o GPS, electrodomésticos sem fios, conservação prolongada de alimentos e progressos assinaláveis nas áreas da fisiologia e da psicologia, alguns deles recentemente colocados em prática durante as operações de resgate dos mineiros chilenos.

José Afonso numa palavra