DESTAQUE: Chama-se Azahar (flor de laranjeira) e será o primeiro lince a chegar ao Centro de Recuperação do Lince-Ibérico de Silves. (in Correio da Manhã)
Na lista das espécies em vias de extinção em Portugal, o lince-ibérico (lynx pardinus) assume os lugares cimeiros. Este é mesmo considerado o felídeo mais ameaçado do mundo, estando classificado como “criticamente em perigo” pelos Livros Vermelhos de Portugal e da União Internacional para a Conservação da Natureza.
Mas este cenário pode mudar no futuro. Para inverter esta situação, o Governo inaugurou, em Maio, o Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves, e prepara-se para assinar no dia 28 de Julho (Dia da Conservação da Natureza), um protocolo para a construção de um centro de aclimatação do lince na serra da Malcata.
A unidade, localizada em plena Reserva da Malcata (partilhada entre os municípios de Penamacor e Sabugal), irá receber linces provenientes do centro de Silves. Este tem uma área de seis hectares, com capacidade para acolher 16 animais, que deverão começar a chegar de Espanha em Setembro. A ideia é assegurar a reprodução da espécie em cativeiro, e depois reintroduzir os linces no território nacional.
A partir de Setembro, Portugal tem três anos para preparar um habitat para receber o lince na natureza, ou seja, fora de cativeiro. Esse é o objectivo do projecto ibérico “Iberlinx - Acção territorial transfronteiriça de conservação do Lince Ibérico”, financiado pelo Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal 2007-2013 (POCTEP). O custo total do projecto é de 1,275 milhões de euros.
Um dos beneficiários deste montante é a empresa Águas do Algarve, uma das parceiras na construção do CNRLI, com o apoio do Comité de Cria em Cativeiro para o Lince-Ibérico e do Instituto Nacional da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). O projecto é uma «medida de sobrecompensação» pelos impactes ambientais da construção da barragem de Odelouca.
Em declínio desde final dos anos 90
O lince-ibérico não é avistado no território nacional desde 2001, mas estima-se que, em meados dos anos 90, existiriam 1000 a 1200 exemplares distribuídos por nove núcleos populacionais, entre Portugal e Espanha.
No final da década, foi feita uma avaliação da situação pelo ICNB, através do Programa Liberne, e os resultados indicaram um declínio generalizado da espécie no País. O motivo? A acentuada regressão do coelho-bravo, principal presa do lince, a destruição dos habitats mediterrânicos, e também a caça furtiva.
Em Espanha, o lince continua a viver no seu habitat natural, fruto dos esforços feitos pelo governo espanhol para recuperar a população, que aumentou já em 49 por cento. Já há 188 animais entre a Sierra Morena e Doñana, na Andaluzia, um feito que levou a União Europeia a premiar o “Life Lince” andaluz como um dos cinco melhores projectos ambientais financiados com dinheiros comunitários.
O êxito deste primeiro programa levou à criação de um novo, cuja duração foi alargada até 2011. O investimento previsto é de 26 milhões de euros, o maior montante investido em programas de conservação de espécies.
Por cá, o CNRLI é o culminar dos esforços feitos há mais de 30 anos pela Liga para a Protecção da Natureza, que tem tentado trazer o felino com pêlos em forma de pincel na ponta das orelhas de volta a Portugal. No final deste ano termina um projecto Life que, desde Outubro de 2006, tem procurado recuperar e conservar habitats e corredores que os ligam entre si nas serras e montados de Moura-Barrancos, promovendo condições de sobrevivência para a espécie.
Esta região é uma das oito áreas prioritárias de intervenção do Plano de Acção para a Conservação do Lince-ibérico em Portugal, aprovado em Maio de 2008, juntamente com Malcata, Nisa, São Mamede, Guadiana, Caldeirão, Monchique e Barrocal.
Autor / Fonte
Marisa Soares
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