Uma vontade antiga de cantarem juntos trouxe esta quinta-feira até ao Campo Pequeno, em Lisboa, Sérgio Godinho, José Mário Branco e Fausto Bordalo Dias. Desde Maio que o trio começou a trabalhar em conjunto sobre alguns dos temas mais marcantes das suas carreiras para que nada falhasse neste espectáculo inédito e tão singular ao qual deram o nome «Três Cantos» e o subtítulo «Enfim Juntos».
Aliando a singularidade de cada um à cumplicidade e afinidade que os une, os três músicos e compositores juntaram-se para cantar o amor, a guerra, a paz, a desilusão, a esperança e tantos outros temas que marcaram toda uma Nação. Ainda os músicos não tinham subido ao palco e já o Campo Pequeno em peso chamava por eles com aplausos compassados. «Guerra E Paz», de Sérgio Godinho, foi o tema escolhido para dar início a este espectáculo, que juntou três das grandes referências musicais do que é cantar em português e cujas carreiras se cruzaram ao longo dos anos.
«Boa noite! O que é que eu vos poderia dizer mais do que Estou tão contente?! Hoje, está aqui sintetizado o que somos e dizemos há 40 anos, cada um à sua maneira. Contem com isto de nós, para cantar e para o resto», disse José Mário Branco quando ficou em palco apenas com a orquestra para interpretar alguns dos seus emblemáticos temas, como «Onofre» e «Emigrante De Quarta Dimensão».
Depois de um dueto entre José Mário Branco e Fausto Bordalo Dias com a música «Mariazinha», da autoria do primeiro, foi a vez de Fausto percorrer sozinho alguns dos seus temas, como «A Nova Brigada dos Coronéis dos Lápis Azuis».
«Alguns dos meus heróis são aqueles que muitas vezes não vêm nos jornais e passam incognitamente nas ruas como este velho samurai que continua na vida da má sorte de estandarte levantado», disse Sérgio Godinho quando chegou a sua vez de cantar o primeiro tema da noite sozinho, «O Velho Samurai». Seguiu-se «Cuidado Com As Imitações», que o cantor terminou, em tom de brincadeira, dizendo: «Depois não digam que eu não vos avisei». Mas foi com o tema «O Primeiro Dia» que o músico conseguiu pôr o público a cantar e a bater palmas mais do que nunca.
Como não poderia deixar de ser, também Sérgio Godinho e José Mário Branco fizeram um dueto com o tema «Se Tu Fores À Praia (Rosalinda)», da autoria do terceiro elemento do grupo. «O Fausto não está aqui agora, vamos aproveitar», dizia José Mário Branco, em tom de brincadeira.
Depois de percorridas, individualmente e em dueto, as carreiras das três lendas da música portuguesa, eis que voltam a encontrar-se todos no palco. Sem o acompanhamento dos 22 músicos que compunham a orquestra, tornou-se ainda mais evidente a harmonia e a cumplicidade das suas vozes ao recordarem temas como «Canto Dos Torna-Viagem», de José Mário Branco, «Não Canto Porque Sonho», de Fausto, ou «Charlatão», de José Mário Branco e Sérgio Godinho, que, num tom irónico, afirmou que «um charlatão é coisa que já não existe em Portugal».
À 20ª música a orquestra regressou ao palco e o trio apresentou os seus elementos um a um para, de seguida, prestar uma sentida homenagem a Zeca Afonso, de quem consideram ser herdeiros. Entre as 30 músicas que faziam parte do alinhamento não puderam deixar de incluir «De Não Saber O Que Se Espera».
Depois de cantarem «Faz Parte», um tema inédito que criaram especialmente para este espectáculo, conseguiram pôr novamente o público a cantar e a bater palmas em uníssono com «Mudam-se Os Tempos», de José Mário Branco, «Que Força É Essa», de Sérgio Godinho, ou «Olha O Fado», de Fausto.
Enquanto eram incansavelmente aplaudidos de pé, os três músicos saíram do palco de cravo na mão para depois regressarem e finalizarem o espectáculo, cantando «Maré Alta», de Sérgio Godinho, e «Inquietação», de José Mário Branco, e «Na Ponta Do Cabo», de Fausto.
Publicado por IOL - Cátia Soares
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