sábado, 27 de março de 2010

As bestas na santidade da Igreja

Andam predadores à solta no altar, camuflados pelo hábito e celibato. O clero esconde o lixo da pedofilia debaixo do tapete.

É a crise da fé. Os mais recentes escândalos de abusos sexuais de menores no seio da Igreja Católica agitam países como a Irlanda, Holanda, Suíça, Espanha, Áustria, Alemanha, Brasil e Chile.
Estão a suscitar uma forte polémica e a indignação de mulheres e homens crentes, mulheres e homens não-crentes. Sobretudo, com o surgimento do clarão da suposta conivência de padres, bispos, cardeais e até de papas.
O "New York Times" revelou ontem documentos secretos que implicam Bento XVI e três arcebispos na protecção de um caso de pedofilia numa escola infantil para surdos, em Wisconsin, nos EUA. A perversidade do padre Lawrence C. Murphy poderá ter abalado o destino de 200 crianças entre 1950 e 1974.
O Vaticano assegura de que só teve conhecimento do assunto 20 anos mais tarde, quando um homem, Joseph Ratzinger (antes de ser Bento XVI), liderava a Congregação Para a Doutrina de Fé. O presbítero escapou ao castigo, com o atestado de notificação tardia dos abusos e uma saúde fragilizada. As explicações surgem no rescaldo da publicação da carta pastoral do Papa aos católicos irlandeses sobre o "doloroso" tema.

Perdão? Ajoelhar e rezar...

Clero nas malhas da pedofilia. Fim do tabu? Bento XVI parece não ter convencido as vítimas dos terríveis abusos. Quebrou o silêncio comprometedor, pondo a nu o tema intocável para sossegar as "ovelhas", mas fez exposições vagas de "remorsos" e "vergonha", anunciando diligências às dioceses irlandesas a fim de "promover a cicatrização e a renovação".
Ocultação. Cumplicidade. Choque. Dizem-se mensageiros de Deus que cumprem a sua lei, mas tropeçam, sucumbem ao prazer, ao delito, à podridão. São brutais e desumanos. Nauseabundos.
Para a Igreja é duro enunciar os casos e tentar perceber os fundamentos em que incidem tais actos. Estão recheados de preceitos contraditórios. Não será a altura para repensar seriamente a questão do celibato? Poderá ser este um eventual agente pontenciador de "desvios", de CRIMES? Afinal, apregoam que o casamento, a união Homem-Mulher, desvirtua a dedicação à Igreja e onde é que está na pedofilia, o sacramento da "fidelidade a Cristo?"
A penúria de pais-nossos e aves-marias não desculpa, não apaga a devassa, devassa católica. No pano santo também cai a nódoa. Uma sujidade, uma cicatriz, que muitos jamais conseguirão expurgar. Punição dura e exemplar, exige-se! Justiça pelas vítimas, dentro e fora da Igreja. Chega de deitar o lixo para debaixo do tapete.

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