Empapados
Esta semana foi um concentrado saturado de Fátima, Futebol e Fado, esse fadinho mole e miserabilista que vende atraso e penúria como inevitabilidades.
Por: Joana Amaral Dias, Docente Universitária
O papa citou o cardeal Cerejeira, homenageando a ditadura de Salazar. O Estado surgiu curvado em vassalagem e oportunismo. A comunicação social rejubilou incessantemente com detalhes patéticos. Meio país entreteve-se com a bola, a festa que foi e o mundial que virá. O governo, engajado com o PSD e Bruxelas mais feudal que federalista, optou por castigar quem ganha 5 e poupar quem leva 5000, garantindo que não há alternativa.
No centenário da República, quase quatro décadas após o 25 de Abril, eis Portugal dirigido por gente sem rasgo ou coragem, a insistir na pá que nos cava o túmulo e que já perdeu a vergonha ou até o medo do ridículo. Sócrates diz que a nossa economia está bem, mas como os outros estão a controlar o défice, temos de fazer o mesmo. Passos Coelho pede desculpas pelas medidas que defende. Tudo isto seria hilariante não fosse o aumento de impostos praticamente igual para todos, o aumento geral do IVA ou os cortes do défice sempre à custa dos salários e nunca dos lucros, levar quem apertou o cinto tantos anos, a ter de agora apertar a garganta. Assim, não é cómico. É uma tragédia. Provavelmente, grega.
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